terça-feira, 19 de julho de 2011

Tecidos de fibra flor de lotus

A italiana Loro Riana, uma das marcas mais chiques do mundo, famosa por utilizar apenas as mais nobres e raras matérias-primas em seus produtos, registrou um novo tipo de tecido feito de fibra de flor de lótus, que mais parece uma mistura de linho e seda crua.


Repassando
Às margens do lago Inle, em Myanmar, entre os meses de maio e dezembro, uma pequena comunidade de artesãos colhe, há milhares de anos, as flores de lótus que darão vida à fibra sagrada que veste monges budistas e decoram imagens de Buda nos pagodes do país. 
Obtida pela junção dos filamentos de três a cinco caules friccionados e fiados à mão - que precisam ser lavados, secos e tecidos em até 24 horas após a extração, para prevenir sua deterioração – a fibra rara e exclusiva acaba de ser incorporada ao rol de tecidos nobres oferecidos pela prestigiosa marca italiana Loro Piana.
A novidade foi apresentada a Pier Luigi Loro Piana, presidente da empresa fundada por sua família em 1924, por um amigo vindo do Japão, que certo dia lhe trouxe uma amostra do que parecia ser uma mistura de linho e seda, rústica e ao mesmo tempo macia. 
Ao microscópio, as fibras de Nelumbo Nucifera formavam uma trama irregular cheia de microfuros, dando origem a um tecido leve, não tão quente quanto a cashemira, que mal amassava e, além de tudo, repelia manchas. Afinal, que milagre sobrenatural era aquele?
Vendo mundos em grãos de areia (como escreveu o poeta William Blake), o executivo acostumado a viajar da Austrália aos Himalaias em busca das melhores “safras” de tecidos foi a Myanmar conferir como era possível fazer, a partir do lótus (planta aquática de flores brancas e rosadas), tecidos que satisfariam os desejos de seus clientes: homens e mulheres que apreciam qualidade genuína, com discreta e sofisticada elegância.
Todas as etapas do trabalho são realizadas por mulheres com mãos muito experientes, que obtêm apenas 120 gramas de fio por dia, o que significa a produção de somente 50 metros de tecido por mês. Daí a associação do material, na tradição budista, com a ideia de pureza e renascimento.
“A flor de lótus dá uma extraordinária fibra aquática que eu definiria como Summer Vicuna por sua exclusividade. Hoje, a quantidade é realmente muito limitada, mas nós esperamos que nosso projeto cresça a longo prazo e permita que os produtores possam melhorar sua qualidade de vida em harmonia com o ambiente”, afirma Piana. Com esse compromisso, os filhos do lago - como são chamados os nativos Inthi - são incentivados a preservar suas raízes através de seu próprio trabalho.
Devido a seu valor intrínseco, a Loro Piana decidiu patentear a descoberta. Inicialmente o fio é importado de Myanmar e transformado em tecido pelas também centenárias fábricas da marca na Itália. Só então é oferecido na Ásia e na Europa em quantidades extremamente limitadas (de 20 a 30 cortes), que chegam ao cliente em caixas especiais, laqueadas, vindas especialmente do Sudoeste Asiático.
Por enquanto, o tecido está disponível somente em sua cor natural (cru), mas a empresa já está testando tingimentos e acabamentos para aumentar as opções de alfaiates e casas de moda interessadas no material, utilizado somente para o serviço de peças feitas sob medida.
Além do corte do tecido, o grupo já planeja vender blazers feitos com o material, custando em torno de 4 mil euros (cerca de R$ 9 mil).





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